UMA EXPERIÊNCIA SENSORIAL QUE ALIA CINEMA E GASTRONOMIA
No dia 25 de maio, domingo, às 20h, o ODE Cellar Door junta-se ao Festival Internacional de Cinema de Santarém para um jantar vínico especial que cruza gastronomia e cinema.
Lançámos o desafio à ODE Winery: transformar a curta-metragem canadiana Everlasting Pea (2024, 17′), de Su Rynard, numa experiência gastronómica. E é assim que nos receberão nesta edição do Cinema à Mesa — um evento que começa com a exibição do filme e segue para um jantar em três tempos, inspirado nas imagens, texturas e ideias da obra.
O menu degustação foi criado especialmente para esta noite e inclui entrada, prato principal e sobremesa. Estão incluídas bebidas não alcoólicas, café e vinhos ODE pensados para cada etapa.
O custo do evento é de 50€, e a inscrição pode ser feita aqui.
Garanta já o seu lugar nesta celebração de sabores, cinema e imaginação.
PROGRAMA COMPLETO DO CINEMA À MESA
No Festival Internacional de Cinema de Santarém, as histórias não passam só no ecrã. Também se saboreiam à mesa, onde o cinema se cruza com os sabores e vinhos da região. E este ano, teremos três sessões especiais de "Cinema à Mesa" com duas estreias nacionais.
"O Pão" não é «apenas» um documentário industrial que faz a apologia da superioridade da racionalidade técnico-científica no apuramento da alimentação— ou não fosse o seu financiador a FNIM, Federação Nacional dos Industriais da Moagem. Aqui, o trabalho surge como «esforço constante» que dignifica o homem. As mãos, omnipresentes, segam e ceifam, seguram e atam, deitam e largam, num movimento incessante e repetitivo, quase mecânico e desumanizado. A necessidade do «pão para a boca» assim o obriga, não pode haver pausas na satisfação das bocas que é preciso alimentar. Nesta lufa-lufa, a montagem de Oliveira encadeia os planos e as sequências superficialmente dissonantes ou incongruentes, embalando-nos no seu ritmo.
Em "Quando o lobo uiva", o ritmo da ação é outro, cosido com o ritmo das estações e das tarefas de produção do pão. Aqui, a narração é omnipresente e abundante, em contraste com "O Pão", um filme quase «mudo». João Vieira, o protagonista, conduz-nos pelo processo de produção do trigo barbela, uma variedade ancestral, «relíquia do século passado que sobreviveu aos processos modernos de seleção, vingando nos solos pobres onde os trigos melhorados falham» — muito provavelmente ausente das moagens filmadas por Oliveira no final dos anos 50. Nestes terrenos do Cadaval, João Vieira narra de forma límpida as peripécias da produção de trigo, explicando as opções políticas, agrárias e económicas que determinaram a situação atual de Portugal produzir apenas 5% do trigo consumido.
- Masterclass e degustação de pão -
Conversa com João Luiz Madeira Lopes
Mas porque há mais horizonte do que a indústria da moagem e da panificação, depois da degustação das imagens, haverá uma conversa com João Luiz Madeira Lopes, que (nos) meterá as mão na massa e o pão na boca. Porque o Cinema também (se) alimenta, desde que, antes, debulhemos as imagens para chegarmos ao grão.
A ervilha talvez seja a leguminosa mais famosa na história da botânica: afinal, é graças às experiências do abade Gregor Mendel que conhecemos hoje as leis da hereditariedade, os primórdios da genética.
Nesta curta de pendor científico e filosófico, somos transportados para o universo de um outro botânico, em Roma, no século XIX. Num cenário quase laboratorial, uma voz off coloca-nos a questão de saber se as fabáceas serão sencientes — igualmente incómoda para omnívoros, veganos e vegetarianos.
Já sentados à mesa e refeitos do desagradável inquérito fílmico, outras serão as questões que se formularão nas consciências dos comensais: afinal, além do puré, que delícias gastronómicas será possível criar a partir de ervilhas? Que sensações gustativas perenes nos proporcionará esta leguminosa?
Tudo a ser desvelado depois de terem sido revelados os vencedores do FICS 2025. Afinal, é pelo Cinema que nos sentamos à mesa.